PODER.
Todo homem preto sonha com poder, mas não porque o espera, mas sim porque a pele almeja.
Eu tenho poder quando sou um líder nato.
Eu tenho poder quando minto, controlo, manipulo.
Eu tenho poder quando passo na frente de uma viatura com a quantidade de droga o suficiente pra me matar.
Eu tenho poder quando eu levanto meus irmãos.
Eu tenho poder quando faço uma fila de fãs.
Eu tenho poder quando odeio e julgo, quando sou o pai que ninguém merece.
Eu tenho poder quando engano o Grande Diabo mais uma vez.
Eu tenho poder quando passo por cima de meus concorrentes, que também almejam poder pela pele.
Eu tenho poder quando eu sou o neto de minha vó com melhor salário antes dos 30.
Eu tenho poder quando gasto metade desse salário com qualquer droga que eu quiser e quanto eu quiser.
Eu tenho poder quando me olho no espelho.
Eu tenho poder quando conquisto e reconquisto quem eu tive a sentença de perder.
Eu tenho poder quando consigo terminar tudo o que eu não poderia. Quando eu começo tudo que eu não poderia.
AMOR.
Eu não amo o suficiente o que eu faço.
Eu não amo o meu ego ao ponto de controlar meu id.
Eu não amo minha vida, minha integridade.
Eu não amei Matheus o suficiente, eu teria impedido seu suicídio.
Eu não amei Elias o suficiente, eu teria impedido o uso abusivo de crack.
Eu não amei Igor o suficiente, eu teria impedido seu assassinato.
Eu não amo as pessoas que me amam, são apenas espelhos do que me foi negado anteriormente.
Eu não amo o perdão, eu não amo o arrependimento.
Eu não amo a bondade, eu não amo a mansidão.
Eu não amo meus irmãos, eu não amo minhas irmãs.
Eu não amo minha família, minha mãe, minha vó e sua cegueira iminente.
Eu não amo minhas conquistas, não amo minha luta, meu sangue.
Eu não me amo.
Eu não te amo.
Eu não amei nada.