E eu não tenho medo de morrer.
Qualquer hora serve, sabe? Eu não me importo.
Por que eu deveria ter medo de morrer?
Não há razão para isso, todos nós temos que ir.
Talvez o ponto não seja sobre morrer, mas onde morrer.
Para onde ir.
Todo o conceito de tempo e espaço é muito sólido para nós.
Está na nossa frente, o tempo todo, é metálico.
É inaceitável a ideia da terra fria e vazia.
Da infinita escuridão abafada e mórbida.
Não, eu não consigo aceitar. Ninguém consegue de fato.
Nós temos que ir para algum lugar.
Morrer não é ponto final, é uma vírgula.
Morrer é a continuação do desconhecido.
Uma jornada única, uma jornada pessoal, primária.
Morte é a forma mais fiel de se viver.
Um dia estaremos todos lá, com paciência chegaremos lá.
Um grande show nos céus nos espera.
Feixes de luzes neon que refletem em nossa retina.
E com otimismo, estaremos cegos, para finalmente olhar para nossa alma.
Todas essas cores representam a sua ansiedade.
Toda essa ansiedade é o que constrói esse lugar.
Um lugar elusivo, que só existe em nossas cabeças.
Onde o genuíno se torna fictício, onde seu livre arbítrio é apenas um mito.
Onde a ordem natural das coisas arrepia até o último pelo da sua nuca.
O local onde o despropósito é banal, é pecado.
O plano espiritual que invade suas entranhas e ressignifica o seu medo.
O vermelho em seus olhos será motivo de jubilo.
Sem deuses, sem diabos, sem adoração.
Apenas nós, na terra do sol e da lua.
Não se esqueça.
Não foi Deus que nos fez, mas nós que fizemos Deus.
O universo reduzido a uma fumaça só.
As estrelas alinhadas para um sopro.
A constelação divina te espera, nos espera.
Esse lugar nos aguarda, tanto quanto nós aguardamos ele.