multi-realidade fictícia
um lado da terra esfria
o outro esquenta e pronto
seja bem vindo ao amor antagônico
a pequenez oposta a sua densidade
tanto peito pra pouca seriedade
vivendo como um corpo celeste em velocidade
fugindo completamente de toda e qualquer realidade
desejo inconcebível de sempre olhar pelo seus olhos
lamber pela sua língua, nadar com seus braços o mar remoto
tocar e se queimar com o fogo pelos seus dedos
e sentir como é satisfazer um desejo
pouco peito pra tanta convicção
pouco tempo pra tanta emoção
palestras em frente ao espelho
pronto para manipular a si mesmo
ao que brada sua boca vermelha
que o seu espírito pela posse incansável deseja
ao que funga seu nariz branco
que a felicidade individual é o único encanto
e ao que reflete sua pele preta queimada
não pelos seus dedos, mas de outra alma
queimadura essa que forma uma defesa incansável
do crime de viver de maneira irresponsável
incompreensão em relação ao não
não poder viver em que possa beber
o mesmo brilho, que bebe você
a mesma cor, que constitui você
burocraticamente, pinto seu quadro com efervescer
com paciência, espero o dia que
terei a sombra e o rubro necessário
para ter meu próprio autorretrato
meu céu foi negado
mas por ora, pois hei de conquistá-lo
enquanto nessa gaiola conto histórias o dia todo
observo com todo o amor o seu voo majestoso
