forjado por navalhas, me encontro aqui
morto pela nova arte, me encontro aqui
dito e difamado, me encontro aqui
sem rimas ou linhas, sem ainda rir
forjado por água doce, você me diz
como andar e riscar o quadro com giz
palavras de amor e afeto e todo o resto
será vos acrescentado em meu manifesto
o que resta de mim? ainda estou aqui?
atordoado, desisto de mim
a única dor que quero sentir
é o ardor no estômago e a dormência no nariz
me ame, me beije
me olhe nos olhos e me deseje
acabe comigo uma última vez
mas acabe comigo mesmo, pois voltarei outra vez
me ame me beije, amor
me beije por uma nova dor
não existe algum motivo para nossa existência, algum
forjados por navalhas e abençoados por oxum
dor e dor, e dor e amor
palavras que se complementam nesse bistrô
fuja comigo, para um interior
todas as outras coisas nos serão acrescentadas, amor
não se preocupe com nossa natureza
é a nossa essência, se destruir com proeza
mas temos o doce em nosso sangue
a garça branca que nos mantém nesse transe
o que eu tenho a dizer a mim mesmo?
se não, descanse em meio ao desespero