a cinza que só cresce
na ponta do cigarro
a fumaça que cada vez
mais se faz pertencente
desse lugar
as faixas vermelhas da minha
tevê que ilumina toda a cena
junto com o poste cheio de
branco invadindo meu corpo
pela janela
a cinza cai no cinzeiro
a fumaça foge para o
céu estrelado
e mais uma vez se faz
real a existência do
presente e passado
a existência do tempo
e sua fome implacável
que me deixa acabado
o fato de eu ter
começado a escrever
esse poema
me deixa imóvel
e paralisado
assim como eu não
consigo acreditar que
faz mais de dois anos
que você esteve ao
meu lado.