assim que o sol
começa a ir
e os jovens passam
a gritar em toda
sua vitalidade
em busca duma
bola
os pais levam
seus filhos para
passear
e as mães voltam
de seus trabalhos
cansadas
começo a olhar
para mim mesmo
nesses instantes
passei o dia inteiro
compondo
escrevendo
batendo o meu
violão como
um macaco
autoconsciente
que se julga
artista
em toda sua
melancolia
condescendente
passei o dia
fumando cigarros e
tomando café
comendo bolo
ovos mexidos
pimenta vermelha
deitado em
minha cama ou
no meu sofá
planejando datas
para usar morfina
com amigos
meus
passei o dia deitado
levantei para
beber água ou
café preto
e continuava
a bater meu
violão como um
macaco
autoconsciente
tal qual o
porco
que sabe a
hora que irá
morrer
faço parte do
clube dos fracos
tenho o coração
frágil
me apaixono
facilmente
pelas garotas
e pelas
primas delas
não resisto
quando encaro
o olho do
furacão
me incendeio
sempre que
tenho a
oportunidade
marco meu braço e
queimo meu nariz
em troca de
nada
tenho a alma
espalhada nesses
textos bobos
e sem sentido
as pessoas lêem
algumas choram
algumas riem
algumas não
chegam ao
final
mas ainda sim
sei que tenho o
coração frágil
uma cabeça de
macaco
dedos que
descascam
e vejo nomes
de antigos
amores
ao redor
onde não há
nada
não sou como
eles
não chego do
trabalho cansado
e o meu tempo
de vitalidade
se foi
e em cigarro
atrás de
cigarros
sonhos
através dos
cochilos
suspiro diante
a rigidez de
fazer parte
do clube
dos fracos.