o sangue não poderia ser outra cor
senão vermelha
assim como a noite pertence ao vazio
de um imenso breu
ora abençoado pelo cintilar das estrelas
ora amaldiçoado pela desesperança
o sangue não poderia ser outra cor
senão vermelha
assim como o fogo tem o seu espectro alaranjado perfeito
e representa exatamente toda sua destruição capaz
a fumaça permanece no cinza junto com a névoa
o céu descansa no azul durante o dia
pobres daqueles que apenas conseguem o enxergar durante a noite
a madeira de toda cruz tem o mesmo tom do pecado
a mesma do caixão
sendo assim
a minha memória será em vão
apenas eu sei a cor que tenho