esse joelho não precisa doer mais
essa língua não precisa sangrar tanto
sua alma foi em busca de paz
mas encontrou no ódio acalanto
e colocou em sua balança
o que pesava mais
meses doces de lembrança
ou um presente em paz
lutou contra o costumeiro ímpeto
de não se reconhecer no espelho
de forma dura, ossos rígidos
então, encarou seu maior medo
por endeusar o passado e morte
esqueceu de seguir em frente, da vida
tudo o que ele mais queria era o norte
os tempos de selvageria
completamente mórbido
largou a mão do amor
e abraçou a ferocidade da dor
engoliu a dose ardente do ódio
pois era o único caminho a andar
olhar pra frente e vomitar as tripas
descanse, não precisa mais lutar
não há para o que lutar mais
abrace o ódio e a congestão de alma
reduza o vermelho a nada
a esmeralda a nada
e cuspa no prato que comeu
descanse, não lute mais, não corra mais
não fuja mais, não volte mais
e em vez de jogar sal em sua ferida
faça como ela, e queime seu braço
pegue seu isqueiro e queime ela
até não sobrar nada, além de uma última cicatriz
não olhe para sua carne novamente