a maldição da comédia divina se repete
a peça teatral persiste
e o admirável público se diverte
os insetos invisíveis me perseguem
tento fugir do sol e da grama
dessa realidade
apenas desejo saltar dessa bolha
e cair no eterno vácuo-vazio
relatividade distorcida
no ritmo do balé mental
tenho a lua em minhas mãos
mas não há nenhuma luz por perto
um corpo celeste custa uma alma
como eu deveria
cuidar do universo congelado?
descrença
Deus está pregando uma peça comigo
o desprezo custa
mais que um corpo celeste
não há nenhum projétil dourado
que me leve para Andrômeda
é um banquete de confusão
apocalipse pago
pela fama do terror
o diabo sussurra as mesmas
palavras de consolo
é um espiral que nunca acaba
quente igual duas estrelas
se fundindo
meu conforto é ditado pelas nuvens
bem querer
tudo o que eu vim a esperar
reduzido ao meu entender
não deixe o sol te pegar chorando
apenas um salto longe
desse teto
apenas um salto longe
dessa terra
apenas um salto longe
desse universo-perverso
apenas um salto longe
desses insetos invisíveis
apenas um salto
para um lugar que saiba onde estou
ainda resta mente
o suficiente para os alimenta-los
mas não restou nada de minha carne
que me prove que estou aqui
440 motivos não foram
o suficiente
esse é um poema que premedita
o gelo-gesso dessas paredes
dessa galáxia
e as cordas irão vibrar
a balada do que deveria ser
mas agora a orquestra
do que realmente é
nos cercou e finalmente, nos
rendemos ao som estridente
a nota dó do piano vermelho
cor de sangue
e eu não consigo me lembrar
por minha vida
a beleza de alguma melodia
de alguma canção conhecida
que compus a você