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2 min readApr 29, 2023

a maldição da comédia divina se repete

a peça teatral persiste

e o admirável público se diverte

os insetos invisíveis me perseguem

tento fugir do sol e da grama

dessa realidade

apenas desejo saltar dessa bolha

e cair no eterno vácuo-vazio

relatividade distorcida

no ritmo do balé mental

tenho a lua em minhas mãos

mas não há nenhuma luz por perto

um corpo celeste custa uma alma

como eu deveria

cuidar do universo congelado?

descrença

Deus está pregando uma peça comigo

o desprezo custa

mais que um corpo celeste

não há nenhum projétil dourado

que me leve para Andrômeda

é um banquete de confusão

apocalipse pago

pela fama do terror

o diabo sussurra as mesmas

palavras de consolo

é um espiral que nunca acaba

quente igual duas estrelas

se fundindo

meu conforto é ditado pelas nuvens

bem querer

tudo o que eu vim a esperar

reduzido ao meu entender

não deixe o sol te pegar chorando

apenas um salto longe

desse teto

apenas um salto longe

dessa terra

apenas um salto longe

desse universo-perverso

apenas um salto longe

desses insetos invisíveis

apenas um salto

para um lugar que saiba onde estou

ainda resta mente

o suficiente para os alimenta-los

mas não restou nada de minha carne

que me prove que estou aqui

440 motivos não foram

o suficiente

esse é um poema que premedita

o gelo-gesso dessas paredes

dessa galáxia

e as cordas irão vibrar

a balada do que deveria ser

mas agora a orquestra

do que realmente é

nos cercou e finalmente, nos

rendemos ao som estridente

a nota dó do piano vermelho

cor de sangue

e eu não consigo me lembrar

por minha vida

a beleza de alguma melodia

de alguma canção conhecida

que compus a você

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