Vago e nublado demais pra ser pensado, frio e distante demais pra ser imaginado, e talvez, muito alto e nítido pra ser um devaneio.
Foi como um desses momentos que não percebo o que digo:
Seu tênis ensopado é a única
Coisa sobre o concreto, a água
E o inferno
Acabado, desamarrado
Mas você até que gosta do sofrimento comum
Acha massa as gotículas de água
Espalhadas pela roda do celta cinza
Pequenininhas o suficiente pra ter significado algum
A brisa da água morta te dá uma falsa segurança
Mais aconchegante que o cansaço nos olhos
Do meu, e daquele homem parado ali
Cuidado com a bicicleta que já te alcança
Se perdeu de novo? Foi por aí ou perto de mim?
No meu cinturão de asteroides
Ou foi nesses espelhos quebrados
Naquela terceira supernova? Ou na nossa quarta
Decepção amorosa?
Pode ser sobre alguma coisa
Pode ser sobre felicidade
Pode ser sobre sucesso
Ou até mesmo arrumar uma esposa
Pode ser sobre descobrir algo novo
Sobre o coroa que se diverte com
O já visto, o conhecido
Ou sobre o ar quente do bar, o grito do escroto
A saliva que volta vendo aquilo
O cheiro do frigorífico
O amarelinho chegando e o
Verdinho saindo
Ou sobre a tremedeira nos ossos
Estampada sobre roupas coloridas
E um short de praia
Ou assim como isso tudo, pode ser sobre nada. Tão vago, nublado, frio e distante pra um dia ter tentado ser algo.
Foi um daqueles momentos idiotas que eu dizia, essa cidade anda muito lírica.