é de uma tristeza gigantesca
presenciar a morte de uma estrela
todos seus raios se tornaram de vidro
tão frágeis, tão quebradiços e tímidos
o que aconteceu com a sua luz?
aquela que radiava diante de todos nós
agora você permite e consente
que desprezem do que sente
o que aconteceu com sua luz?
era ela que atravessava os coitados
os pequenos, os anti-frenesi
agora a luz de outro passa dentro de si
pior que isso, na verdade
hoje não mais uma estrela e sim uma placa
a qual a quem te apresentar a menor reclamação
poder escrever o que você é ou não
não me impressionaria se os supervisores
os chefes, os diretores
um dia abrissem sua identidade
e lessem seu nome de nascência com facilidade
agora, que seus dias são tão movimentados
ocupados, responsabilizados por si
controlados e engessados por seu ego
de finalmente ter vestido um terno
e você, com sua língua estrangeira
dá passos largos, fita diversos olhos
pra cima e pra baixo, prepara aulas
com cautela para que não caia a máscara
a qual preparou com tanto cuidado
todos esses meses, rodeado de vários
encantada com aplausos de plástico
e sorrisos encomendados
precisou o nascer do sol ser pesado
o cotidiano ser acelerado
para que você se sinta aqui
para que você se sinta parte de algo?
sinto falta de quando você era uma estrela
orgulhosa, maldosa, violenta, pavorosa
apaixonante, incandescente, cheio de cores
hoje você é a sombra dos indicadores
suas botas não te afastam da terra
seu sobretudo nunca te tiraria da guerra
você mata pela espada, mas não morre
apenas deseja lamber o sangue que escorre
sou aquilo que sofro, sou minha própria dor
como meu próprio câncer todos os dias
com um único objetivo
todo dia ter um pesadelo contigo
sou sadicamente honesto
erraticamente sincero
sei qual o peso do meu olhar
tal qual a leveza do seu andar
mas nunca determinaria a conveniência dizer
o que sou, o que posso ser ou fazer
a facilidade que deseja te afirma todo dia:
não somente uma farsa, você é uma mentira.