os pássaros só surgem
quando os olhos miram
os céus
e eles carregam em
seus bicos
pedaços estraçalhados
de cartas
pois não há outra forma
de fazerem seus ninhos
e em frente ao sol
uma enorme estátua
de marfim persiste
em estar, determinada
a nunca sair
as luzes da noite só
são vistas quando seus
pés flutuam ao
asfalto
e no raio espaçado
de todas elas
observamos as
memórias que
perderam para si mesmos
e em frente a lua
a mesma estátua de
marfim persiste em
estar, determinada
a nunca sair
o rosto que carrega
pelos e o corpo que
carrega sangue e
a ideia de um espírito
permanece debaixo dessa
estátua de marfim
recolhendo os
pedaços das
cartas e das
memórias que
foram derrotadas por si
mesmos
pois só assim poderia
fazer seu ninho
e abandonar o
espectro da sua dor
o fantasma que vive
em seu quarto
pinta as paredes de
branco
enquanto manchas de
lágrimas surgem durante
os dias, semanas, meses
e anos
e a estátua de marfim
persiste em continuar
criando sombra para
o descanso em desistência
no entanto, não há outra forma
apenas mire seu rosto
aos céus