todas essas coisas que vocês perseguem
elas não são nada comparadas ao que é real
ou ao menos, o que é para mim
todos os dramas que vocês vivem
e as dívidas que fazem com seus pais
e as bandeiras que amam levantar
os mantras que persistem em gritar toda vez
os protestos que vão, os atos que estão
a cantina, o restaurante, os cantos das árvores
as mochilas que carregam em suas costas
e as companhias que se repetem, se encerram e se repetem
os olhos que piscam e as mãos que acenam
os sorrisos, gargalhadas que queimam a audição
os beijos, as línguas, as drogas
o sexo casual, as várias ex
as histórias repetitivas e cansativas
o modernismo em ações, as propostas de melhora
a atenção, a camisa que vocês usam
as fotos, as fotos ridículas
a pose que fazem para as fotos, segurando bebidas
as unhas, bem feitas
os cílios, bem feitos
os perfumes, quaisquer
as carreiras, os sonhos
os fogos de artifício no fim de ano
e as promessas as meia noite
as ceias de natal, as famílias que se juntam
os presentes, os milhos
as motos que compram, os condomínios que vivem
as cores que amam, as putas que comem
os vômitos que os chocam, os textos que escrevem
a soberba que os movem ao achar que devem escrever algo
os meninos tão jovens, quanto ridículos e patéticos
os mercados, o hortifruti
o açougue, o apartamento
as portas, as chaves, os cadeados
seus paus que nunca crescem
suas bucetas que nunca se apertam
suas vidas que sempre melhoram
suas casas que ficam largas cada ano que passa
suas roupas que se tornam montes de acordo ao tempo que passa
os romances que vivem e repetem
eu me exausto
para mim só sobrou a cidade, o sol quente
o subúrbio, a cerveja solitária
o falso formidável e o cansaço
eu me exausto
vocês me exaustam