Há um acúmulo de sangue
Em minhas bochechas
Sangue coagulado, envelhecido
De músculos rígidos
Quando olho para cima
O sangue concentra e dói
Arrepia somente um lado
Do meu rosto trágico
Quando trago o cigarro
Sinto a fumaça invadir minhas vias
E endurecer cada vez mais
Esse sangue que jaz
Quando olhas para mim
E por um acaso, enxerga
Meu sorriso amarelado
Vê apenas carne e sangue acumulado
Quando beija minha boca
E toca no lado da minha face
Lambe apenas uma língua cinza
E sente apenas sangue em sua obra-prima
Quando me olho no espelho
E vejo meu corpo nu
Sinto vontade de arrancar a pele
E enxergar o sangue em sua espécie
Quando bebo álcool destilado
E sinto a garganta arder
Imploro pro meu corpo ceder e voltar
No tempo que cuspia sangue no meu lar
Quando observo os pelos no meu corpo
E percebo a cor solene que os contorna
Sinto vontade de os arrancar
Apenas para ver o sangue jorrar
Quando vejo as cicatrizes em minhas mãos
E as queimaduras de cigarro em meu pulso
Sinto o ímpeto de repeti-las novamente
Apenas para ver o sangue na minha frente
E quando te vejo em sua pele branca
Novamente, pra lá e pra cá, vindo até a mim
Sinto vontade de te beijar e peço que me encante
Pois te amo tanto quanto eu amo o sangue