Sangue

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1 min readSep 9, 2023

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Há um acúmulo de sangue
Em minhas bochechas
Sangue coagulado, envelhecido
De músculos rígidos

Quando olho para cima
O sangue concentra e dói
Arrepia somente um lado
Do meu rosto trágico

Quando trago o cigarro
Sinto a fumaça invadir minhas vias
E endurecer cada vez mais
Esse sangue que jaz

Quando olhas para mim
E por um acaso, enxerga
Meu sorriso amarelado
Vê apenas carne e sangue acumulado

Quando beija minha boca
E toca no lado da minha face
Lambe apenas uma língua cinza
E sente apenas sangue em sua obra-prima

Quando me olho no espelho
E vejo meu corpo nu
Sinto vontade de arrancar a pele
E enxergar o sangue em sua espécie

Quando bebo álcool destilado
E sinto a garganta arder
Imploro pro meu corpo ceder e voltar
No tempo que cuspia sangue no meu lar

Quando observo os pelos no meu corpo
E percebo a cor solene que os contorna
Sinto vontade de os arrancar
Apenas para ver o sangue jorrar

Quando vejo as cicatrizes em minhas mãos
E as queimaduras de cigarro em meu pulso
Sinto o ímpeto de repeti-las novamente
Apenas para ver o sangue na minha frente

E quando te vejo em sua pele branca
Novamente, pra lá e pra cá, vindo até a mim
Sinto vontade de te beijar e peço que me encante
Pois te amo tanto quanto eu amo o sangue

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