as tentativas de regar-me
falhas, mais uma vez, de levantar-me
falhas, mais uma vez; encaro esse quadro azul
e novamente, procurando tu
não diga que não consegue, minha menina
não sabes como isso marca minha pele
não chore mais uma vez
suas vermelhas lágrimas tem gosto da acidez
a acidez prateada
somos a mesma alma
a qual uma chora por misericórdia
e a outra espera a derrota
enterrado, observo a história
flagrada nas beges rochas
me pergunto se sairei desse caixão
sonhando com a cor da tua mão
de pequenos dedos, que viajam
pelo meu corpo preto e cabelo
pelo meu peito e pelo, e me pego
sonhando acordado em meio ao inferno
me diz, em sua lua, minha voz te conduz?
em seu caixão, ainda há meu cheiro?
e em sua mente
vive de morte e desejo?
assim como a minha, que regada por sangue
pútrida, resta um lapso de ti
um prospecto
esperando o dia que se tornará concreto
nadaria mares de sangue para estancar seu peito
e nele mesmo, depositaria rios de lágrimas junto a ti
não chore mais, sua dor é um prego em mim
não chore mais, saiba que eu estou aqui