tanto medo do amanhã. já é um incômodo comum.
é preciso lidar com o fato de que talvez não possa haver um.
e clamo a quem pode me entregar uma prece, uma oração.
mesmo não sabendo exatamente quem decide se sim ou não.
no lado B do disco, recuso o sofrimento e clamo o inadmissível
pra destilar minha vida o mais rápido possível
deite-se e aproveite o fim da jornada com amor
beba o que coei do meu tumor
e analgésicos são rotina
e os opioides são bom dia
e de nenhuma lágrima há lamento, eu escolhi essa vida
no café da manhã, marlboro e morfina
na janta, vômito e barriga vazia
e no sono não há dor, durmo de terno
imagino quão bom seja um sono eterno
em meio a tudo, admiro as estrelas no relento
formam uma constelação que escrevem “é o fim do seu tempo”.