a minha velha e conhecida amiga serpente
volta mais uma vez
rasteja-se em meu corpo letárgico
caminha lentamente ao meus pontos vitais
—
a minha adorável e saudável naja
minha peçonhenta heroína
mais uma vez, você voltou;
para me salvar
—
não vê que estou parado?
envenene-me, faça o que veio fazer
quero sentir suas escamas sobre minha pele
você já conhece o caminho
—
minha querida, minha bela cascavel
me viole mais uma vez, me use, me mova
meu corpo se encontra tão parado
assim como um viciado, seja minha heroína
—
meu amor, minha esposa, minha romântica taipan
pregue essas presas em meu pescoço mais uma vez
injete esse tóxico teor de esperança
assim como a primeira vez; no jardim do Éden
—
eu te declaro, eu te vejo, eu te aceito, eu te amo
me faça odiar, me envenene, me faça pior, me enterre
me julgue, me irrite, me mova, me obrigue
me envenene, me rejuvenesça, com o que eu carinhosamente apelido de ódio.
aproveite o banquete, aproveite la cena
do que algum dia foi amor e bondade
mas creio que existe a virtude que não existem em vocês
nascerei novamente; a arte de odiar é tão bela e eficaz quanto a de amar.