Nossas almas estão acorrentadas, se tornando uma só
Corrente que embeleza nosso corpo, desintegra a pó
A carne que me esquenta e me faz delirar forma um cadeado
A tranca que assegura que eu me sinta amado
Longe de qualquer conceito humano, é amor que faz sangrar
Eles nunca vão entender, não tente explicar
Aos nossos brancos olhos é um ato divino, angelical
Que cozinha meu sangue no seu e apresenta a fricção mais visceral
Eu vejo mágica em seus cansados olhos
Você vê esperança no meu ódio
Você vê a alvorada alaranjada em minha violência
Eu vejo a madrugada estrelada em sua indisplicência
Raios solares, sobrepostos no céu, dominante e prepotente
Mortes lunares, sob um véu estrelado, numa sombria corrente
Somos duas rosas amarradas com os seus próprios espinhos
Representando do vermelho um puro sangue, um rubro beijo, um nefasto vinho
Uma arrogante naja ameaça a ti e lhe causa terror
Sua retina a grava, se encanta e enxerga amor
Uma bela taipan se arrasta pelo meu pescoço
Crava suas presas, sou dominado pelo seu veneno, me sinto mais vivo morto.
Meu coração perseguia o seu, em todo o universo transcendental
Nos encontramos todas as vezes, fora do plano existencial
Nós somos apenas duas almas agitadas
Nadando por esse enorme mar de alfinetes que nunca se acalma
Você acariciou o meu rosto e deixou bem claro
“Não há nada para você neste lado”
No meio da escuridão você me conduz
Até o último feixe, o último raio de luz
É amor que dilacera a alma e congela o medo
Uma paixão desenfreada que exala o mais odiável desejo
Cometeria os mesmos erros, morreria as mesmas mortes
Apenas para te ter agora, apenas para contar com a mesma sorte
Viva comigo presa neste aquário de vidro
As paredes nos apresentam o infinito
Cortes suas asas, voe em conjunto
Viva comigo neste vivedouro de borboletas que é maior que o mundo