ao redor da cidade e
na própria cidade
as salas de espera
as de aulas
as de estar
as de reuniões
os banheiros
os becos
os campus
os pontos
continuo me arrastando
para todos esses lugares
vou lá e me surpreendo
pois me encontro lá
toda vez
e junto de mim
sempre encontro
você também
então, toda vez que
vou para esses locais
vejo nós dois
em espaços diferentes
em solos rachados
paredes erguidas
prédios que esquentam
nossos rostos
e impedem de abrirmos
nossos olhos
e eu, vendo vocês
olho para vagões
e vejo o seu nome
estampado no metal
e vejo sua inicial
em todas palavras
que começa com p
e tenham vogais
e dezembro virá
o menino jesus nascerá
e dentro de todas
as luzes e os sorrisos
verei você também
e junto de todas as ceias
entre vocês e eles
verei somente você
e irei me desesperar
pensando em sua mãe
ou nas suítes
e nas ondas
e nos bairros
e nos bares
e nas camas
quando fevereiro chegar
e as pessoas tomarem
conta das ruas e
os cantos estiverem
mijados e avermelhados
sei que verei você também
em toda gota de mijo no
concreto, em toda gota
de sangue nas bocas
e junho virá
farei 21
e vou te ver em
meus familiares
e amigos
nas parabenizações
nos licores
nas noites
frias e solitárias
setembro chegará
a primavera vai me castigar
naturalmente, mais uma vez
e tudo se repetirá
quando for três de outubro
outra vez.
é uma pena
que acabou assim
os lugares, as datas e a cidade
se tornam então
as últimas colagens
de cartas inacabadas
e nunca entregues