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1 min readNov 29, 2024

em um quarto de
quatro paredes
brancas e vazias

onde olhos estáticos
e impiedosos se
escondem por trás

em um quarto onde
a fumaça se torna
a única divindade
presente

onde o calor não
passou de apenas
tentativas frustradas

onde a água que
perfura os pulmões
não passa do
tornozelo

e os fantasmas
lamentam as
suas próprias
mortes

em um quarto
onde o vento
gelado sopra
sem hesitar

e as últimas
palavras sempre
serão as mesmas

os corpos se amontoam
aos cantos e
os vermes se
juntam e festejam

a carnificina
em um quarto
onde no fim
de cada parede
e de cada linha

uma luz opaca
vaza de forma
tímida e
raivosa

um lapso
do que realmente é

um lapso que é
facilmente derrotado
pelo o que poderia
ter sido

os corpos se amontoam
e as cartas abandonam
os seus autores

as traças e os vermes
vivem sua lua de mel
eterna

com a tranquilidade que
tanto quanto os corpos
e os poemas

voltarão aos mesmos
lugares

aos mesmos cantos
do mesmo quarto
de paredes brancas
e vazias

portais para
a eternidade
o cenário perfeito
para o eixo

de um giro que
nunca termina

um quarto de
paredes brancas
preso nos
mesmos dia

nos mesmos
meses

e nos mesmos
anos

com os mesmos
vermes
e as mesmas
traças

que comemoram

a chegada dos
mesmos corpos
e das mesmas
cartas

minhas entranhas
nunca seriam
o suficiente
para os vermes

meus poemas
nunca seriam
o suficiente
para as traças

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