em um quarto de
quatro paredes
brancas e vazias
onde olhos estáticos
e impiedosos se
escondem por trás
em um quarto onde
a fumaça se torna
a única divindade
presente
onde o calor não
passou de apenas
tentativas frustradas
onde a água que
perfura os pulmões
não passa do
tornozelo
e os fantasmas
lamentam as
suas próprias
mortes
em um quarto
onde o vento
gelado sopra
sem hesitar
e as últimas
palavras sempre
serão as mesmas
os corpos se amontoam
aos cantos e
os vermes se
juntam e festejam
a carnificina
em um quarto
onde no fim
de cada parede
e de cada linha
uma luz opaca
vaza de forma
tímida e
raivosa
um lapso
do que realmente é
um lapso que é
facilmente derrotado
pelo o que poderia
ter sido
os corpos se amontoam
e as cartas abandonam
os seus autores
as traças e os vermes
vivem sua lua de mel
eterna
com a tranquilidade que
tanto quanto os corpos
e os poemas
voltarão aos mesmos
lugares
aos mesmos cantos
do mesmo quarto
de paredes brancas
e vazias
portais para
a eternidade
o cenário perfeito
para o eixo
de um giro que
nunca termina
um quarto de
paredes brancas
preso nos
mesmos dia
nos mesmos
meses
e nos mesmos
anos
com os mesmos
vermes
e as mesmas
traças
que comemoram
a chegada dos
mesmos corpos
e das mesmas
cartas
minhas entranhas
nunca seriam
o suficiente
para os vermes
meus poemas
nunca seriam
o suficiente
para as traças