os vultos são o presságio do inevitável
assim como as gotículas de água em luzes urbanas e sem vidas
elas mostram o olhar perdido nas doces ondas esbranquiçadas
em sofrimentos tão perversos quanto o próprio ego
os vultos são o presságio do inevitável
não somente o que tinha sido dito, mas o que é
assim como os fantasmas nunca escreveram as cartas perdidas
assim como os últimos espíritos em cores não finalizaram nenhum poema
seus ritos, inacabados
seus cantos, desafinados
e seus gritos, aperfeiçoados
para levantar todo e qualquer tipo
de prova do inevitável
os vultos são o presságio do inevitável
e o corpo se torna uma última casca
que se esconde aos cantos dos olhos
representando nada mais do que o
próprio nada