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2 min readDec 23, 2024

no fim das contas, eu continuo sendo o mesmo poeta melodramático afetivo que busca em molduras femininas as próximas musas do momento, líderes de guerrilhas amorosas e revolucionárias que reinventam o próprio ódio.

se a coitada tem piercings no rosto feitas por si mesmo, sinais paralelo no pescoço, dentes tortos, sorrisos largos, problemas com relacionamentos, dependências químicas, usam vestidos floridos, mastigam chicletes por conta de bruxismo, se emocionam com poemas sarcásticos o quão deveriam as ofender, pouco importa.

no fim, elas terminam na ponta da tinta presa no papel em branco, são molduras de algo egoísta e depreciativo, efêmero e vagabundo, se tornam personagens de textos, crônicas, poemas ou contos.

seja ela estrelas, admiradoras de literatura, pássaros distantes da mesma família ou arquivogistas. o fim é o mesmo.

no entanto, eu olho para o céu e sinto esses pássaros distantes da mesma família de forma diferente do que as outras, se assemelhando muito propriamente até as estrelas.

queimam de formas diferentes, mas acima de tudo, queimam.

a chuva bate em suas asas avermelhadas e o vapor se torna o encerramento de uma só história.

enquanto um, voa olhando ao mundo, preocupado com os limites do universo, carregando sementes do amanhã em seu bico, construindo um ninho seguro com suas próprias penas e galhos seguros;

o outro plana de forma desgovernada em tempestades e some em nuvens carregadas de água e eletricidade sem nenhuma preocupação, utilizando essa coragem como reatividade.

o fato é, ambos brilham da mesma forma.

um amigo músico meu comentou como peixe e virgem são signos opostos.

observando isso, é nítido como são exatamente iguais.

ao menos, em minhas molduras, ambas se encaixam perfeitamente, como raposas e coelhos que coexistem perfeitamente.

o amanhecer continuará pesando uma tonelada, mas eu nunca deixei de amar vocês.

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