porque de uma forma tão apática, você abraçou a fumaça
ao arder de seus olhos e a falta de coragem
nesse peito aberto ao meio, não havia mais nada
assim como esses olhos vermelhos rezavam por uma miragem
e a sua pele era de escamas e vivia de arrancar elas
porém, assim como usar remos em um barco a motor
era um desperdício de tempo; meras
tentativas de voltar atrás, fazer melhor, fugir da dor
atrás o qual os olhos tão vermelhos como o amor
flagravam uma mão invisível sufocar uma princesa
não só isso, mas como esmagar um reino inteiro; e com temor
sua mão em carne viva, persistia em reunir esse punhado de areia
que de uma forma torturante, vivia recuperando os pequenos grãos
os quais grudavam em sua carne e não saiam de jeito nenhum
que depois de um tempo, passou desenhar uma constelação
de perseverança, de esperança e que em momento algum
se apagou
essa estrela que queima o seu peito
é a mesma que arde seus olhos
rasga sua mão e provoca esse feito
ninguém se vive de “por ques?”
assim como ninguém se vive de vinagre e sangue
não existe ferida no mundo que precise ficar tão aberta
e nem respostas no mundo que te encantem
e após entender isso, reuniu suas lágrimas vermelhas
se olhou no espelho, flagrou o medo
perguntou-se mais uma vez “por que?”
e tentou acordar desse pesadelo
em observar e rir da sua penitência eterna
o diabo, em um canto parado, persistia
e passava a invadir sua mente com sussurros
que o convencia de que tudo aquilo, ele merecia
pois, não foi tu que rasgou suas mãos?
não foi tu que fez arder seu peito?
não foi tu que furou seus olhos?
ou agora você vai sentar e escrever um texto?
o qual o seu melodrama substitui os fatos da realidade
e você se convence de forma tão metálica
que sim, seu reino ficará de pé e a princesa ressuscitará
vivendo dias após dias admirando sua constelação de forma tão pragmática
esse sangue nunca vai estancar, essa mão nunca vai sarar
e em breve você parará de enxergar
quando menos esperar, estará sozinho, então se prepare pra dor
e durma, pois o fim chegou
o início do fim apenas começou
admire seus retratos de beijos pela manhã
abraços pela tarde e calor pela noite
pois serão só memórias amanhã
memórias de um início promissor
onde essa mão não sangrava tanto
onde o vinagre tinha gosto de vinho tinto
e o peito não vivia de prantos
mas agora, aceite o fim, aceite
mergulhe no seu próprio sangue de suas veias
se deleite
grude nos cheiros, na morte matinal, nas suas teias
e mais uma vez, se pergunte o porquê.