Acordou com seu olho em chamas pela recepção do bom dia e embriagado de um novo filtro alaranjado por um monóculo otimista, enxerga o pé em sua frente mais adiantado do que deveria.
Almoçou com culpa por ter quebrado o seu monóculo, por ter esfriado sua íris e seu pé ter quebrado, capengou de um lado pro outro, achou um rolo de papelão e pôs para enxergar melhor.
Suspirou, retirando a fumaça que tragou recentemente de seus peitos e suspirou de novo. Não conseguia mais andar direito e sua íris havia congelado, sua alma acompanhou o mesmo destino e estava negativa. A tardinha se encerrava.
Não mais conseguia andar, sua íris congelada começava a se desfazer por suas lágrimas quentes, e sentou-se numa cadeira desconfortável que lembrava a época que queimava no inferno e passou a escrever. Já não conseguia andar e sua retina apenas identificava a cor branca; nenhuma cor. Nenhuma cor.
Deitou em seu rio de lágrimas e esperou evaporar com o calor do novo dia. Tomado pelo ódio, pela angústia, dúvida, confusão, ingratidão, raiva, distância, pela morte e egoísmo.
Acordou com seu olho em chamas.
Que triste começo o seu.