eu sou ninguém; sou a impossibilidade de ser visto
a integridade do invisível; a luz detrás do vídeo
eu sou o desfoque da lente; que traz um ás de curiosidade
ao leitor, ao telespectador; sou a interpretação da verdade
sou apenas uma lembrança distante; uma letra em sua coleção
um fantasma em um quarto de hotel; uma alma errante numa prisão
e é tão ameno ser o transparente; ser o nada vivente
afastar de mim os olhos que pesam; as bocas que te pra baixo levam
há vantagem em ser uma ideia; ser mutável, ser e não ser
estar e não estar ou apenas; viver
é longe de vocês que eu vivo; nessa luz, nesse feixe
nesse exato momento de invisibilidade; tão simples
quanto um pato em um skate; eu sou ninguém e aproveito
enquanto não sou alguém