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1 min readOct 10, 2024

as coisas simplesmente param

em um determinado momento

seu corpo decide não funcionar mais e

os beijos perdem saliva e os gemidos

saem apenas abafados

as peles se tornam tão pálidas ao ponto de

veias verdes ficarem roxas

os veículos percorrem seus caminhos de forma devagar

quase parando e

os travestis andam de cabeça baixa nas esquinas do imbui

as lentes das câmeras estiveram sujas e

faltou tinta para terminar os textos que quis escrever

sangue insistiu em escorrer de meus lábios toda manhã

não liguei, estive de pé até onde consegui

esperei e esperei e esperei em quartos

persisti esperar mais um pouco

em bancos, em praças, em salas, em batentes e calçada

mas nada veio

e algum desses dias você ao meu lado

me pediu, quase dormindo

“pode ler um poema seu? mas um feliz dessa vez, por favor”

tive que te decepcionar pela primeira de muitas vezes

é uma pena, essa cidade acabou comigo

e acabou com todos os pacientes que convulsionam em filas

novamente os filhos seriam espancados e seus braços quebrados

mas dessa vez suas mães não estariam lá para os salvar

o alfredo bureau me aprisiona novamente

é apenas o início do fim

com carne podre e alma distante derretendo em minha cama

olho pro seu corpo e pergunto

quem é você?

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