Será que eu fumo?
Será que eu bebo?
Será que eu vou?
Será que eu mordo?
Será que eu falo?
Será que eu calo?
Será que eu duvido?
Será que eu caio?
Será perdeu o sentido?
Será que eu choro?
Será que eu sorrio?
Será que eu corto?
Será que eu vejo?
Será que eu vomito?
Será que eu leio?
Será que eu me irrito?
Será que eu te procuro?
Será que eu me perco?
Será que eu durmo?
Será que eu vejo?
Será que eu me curo?
Será que eu morro?
Será que eu estou vivo?
Será que eu corro?
Será?
Será que eu me dopo?
Será que eu nado?
Será que eu me afogo?
Será que eu sento em uma cadeira de madeira em frente a um monitor Philips sustentado por uma mesa branca com dois maços de cigarro, um copo laranja, um desodorante, um celular quebrado, um dorflex com quatro comprimidos tomados, isqueiro com estampa de dinheiro que a pintura já está gasta, um saco da farmácia Independente, uma tampa verde, um mousepad preto e um mouse em cima, e passo a escrever esses pequenos devaneios embebecidos pela romantização da insanidade em meu perfil no Medium que indica uma clara desorientação em minhas decisões, emoções e observação do mundo nessa atroz, única, metálica, real, fase de minha curta vida enquanto eu escuto o álbum The Moon and the Melodies do Cocteau Twins?
Será que eu falo sobre mim?
Será que eu me rendo a metalinguagem?
Será que eu me despeço?
Será que eu morro delirando sua paisagem?
Não.
Será que encerro esse texto?
