de volta ao quadrado preto deste tabuleiro de xadrez, onde qualquer centímetro quadrado do universo é lar, exceto minha casa.
de todas as palavras que cuspiu em meu rosto, são as minhas das quais formam linhas em minhas mãos. não há texto que se constitua com elas.
e nasce, ao mesmo ritmo que se cresce, uma dúvida cruel sobre sua impressão de minha carne, assim como da minha em relação a sua.
ao ouvir o que repeti a minha imagem no espelho, não me esforcei ao chorar sem o benefício das lágrimas.
me pergunto se toda a luta foi em vão. se todos os golpes que lancei e os recebidos também, foram atoa.
facilmente passaria por recém 18 se usasse um coturno preto e jaqueta de couro, caso falasse o que pensasse e bebesse o dobro, se cuspisse sangue na mesma quantidade dos meses de agosto a setembro.
já não consigo me lembrar dos detalhes do meu rosto dessa época.
cantarei uma música na mesma vontade que tenho de descansar, pois estou cansado.
escreverei um último texto na mesma vontade de ter paz, pois estou conturbado.
gritarei as últimas rimas do fundo do meu peito preto na mesma fúria e feiúra que meus pensamentos tortos possuem.
mais uma vez, sobre uma calçada de cor branca e um batente de cor amarelo, lhe espero.
mais uma vez, longe de casa, clamo pelo seu ódio.
por mais que sejam almas paralelas, o tratamento inverso se correlaciona ao destino, ou ao que mereço.
não há fim para mim, um poeta precisa morrer.