você estava tão linda no ano novo.
meu corpo, feito de cabeça de porco e olhos de cão, pendurado pela noite, gaseificado pela minha alma insalubre, cambaleava pra lá e pra cá.
meu olhar se tornou perdido e entre um momento e outro podia ter certeza que minhas roupas estavam tão sujas.
em todos os segundos sentia exatamente que não pertencia a àquele lugar.
até o momento em que meus olhos pousariam em você.
toda aquela incerteza e espécie de ode a personagens antigos numa noite de sadomasoquismo sumiria, meu enjôo, a dificuldade de se manter em pé, minha pupila voltaria ao normal, no exato momento em que meus olhos pousassem em você.
no fim, você e seu vestido branco sumiram ao horizonte negro da praia de piatã.
e o solo em velocidade nunca me pareceu tão atraente enquanto eu pensava “você estava tão linda” e os fogos estouravam ao meu redor.
em vermelho, azul e verde.
repetidas vezes.
vermelho, azul e verde.
vermelho, azul e verde.